Viver com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) vai muito além de ser apenas distraído ou hiperativo. Quem convive com essa condição sabe que os desafios podem ser diários e, muitas vezes, impactam diretamente a saúde mental. Ansiedade e depressão são companheiras frequentes de quem tem TDAH, tornando a rotina ainda mais difícil. Para esclarecer essa relação e mostrar caminhos para uma vida mais equilibrada, o Dr. Bruno, especialista em saúde mental, traz uma visão humanizada sobre o assunto.
Por que o TDAH impacta tanto a saúde mental?
Quem tem TDAH muitas vezes cresce ouvindo frases como “você é muito distraído” ou “se esforça, mas não termina nada”. Essas críticas podem gerar sentimentos de frustração, inadequação e até mesmo uma sensação de não pertencimento. Esse peso emocional, quando acumulado ao longo dos anos, pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos como ansiedade e depressão.
Muitos adultos descobrem que têm TDAH tardiamente, depois de anos tentando se encaixar em padrões que não fazem sentido para eles. Esse diagnóstico pode ser libertador, mas também traz questionamentos: “E se eu soubesse disso antes?”, “Será que minha vida teria sido diferente?” Essa reflexão pode ser dolorosa, mas também abre portas para o autoconhecimento e para encontrar soluções que fazem sentido.
A ansiedade como consequência do TDAH
A mente de quem tem TDAH está sempre ligada no 220V. São pensamentos acelerados, dificuldades em se organizar e aquela sensação constante de que está esquecendo algo. Esse combo pode se transformar em ansiedade, pois o cérebro está sempre em estado de alerta.
Sinais de ansiedade em quem tem TDAH:
- Preocupação excessiva com pequenas tarefas do dia a dia;
- Medo constante de errar ou decepcionar os outros;
- Sensação de estar sempre devendo algo para alguém;
- Dificuldade em relaxar e desligar a mente, mesmo nos momentos de lazer.
A ansiedade muitas vezes faz com que a pessoa tente compensar sua falta de foco se cobrando ainda mais, o que gera um ciclo vicioso. O corpo e a mente entram em exaustão e, sem perceber, a qualidade de vida vai sendo impactada aos poucos.
Quando o TDAH leva à depressão
Viver constantemente tentando se ajustar a um mundo que parece não ter espaço para a sua forma de pensar pode ser desgastante. Quem tem TDAH frequentemente se sente incompreendido, o que pode gerar isolamento e até mesmo sintomas depressivos.
Fatores que aumentam o risco de depressão em quem tem TDAH:
- Sensação de estar sempre atrás dos outros em termos de produtividade;
- Histórico de críticas e julgamentos desde a infância;
- Dificuldades nos relacionamentos pessoais e profissionais;
- Falta de reconhecimento dos esforços feitos para se encaixar em padrões rígidos.
A depressão nem sempre aparece de forma evidente. Em muitas pessoas com TDAH, ela se manifesta como desmotivação, exaustão constante e uma falta de energia para coisas simples do dia a dia.
O impacto do diagnóstico tardio
Para muitas pessoas, descobrir o TDAH na vida adulta é um misto de alívio e frustração. Saber que existe uma explicação para tantas dificuldades vividas pode trazer paz, mas também pode despertar uma sensação de perda: “Por que ninguém percebeu isso antes?”
Receber o diagnóstico tardiamente não significa que tudo está perdido. Pelo contrário, pode ser o primeiro passo para buscar ferramentas que ajudem a lidar melhor com a rotina e com a saúde mental.
Como encontrar equilíbrio entre TDAH, ansiedade e depressão?
Não existe uma única receita para lidar com essa combinação de desafios, mas algumas estratégias podem fazer toda a diferença.
1. Terapia cognitivo-comportamental (TCC)
A TCC é uma grande aliada de quem tem TDAH, pois ajuda a mudar padrões de pensamento negativos e a desenvolver estratégias para organizar melhor o dia a dia.
2. Medicação quando necessário
O uso de medicamentos pode ser uma ferramenta importante no tratamento do TDAH, da ansiedade e da depressão, mas sempre deve ser acompanhado por um profissional especializado.
3. Criar uma rotina estruturada
Estabelecer horários fixos para dormir, comer e trabalhar pode ajudar a reduzir a sensação de caos e melhorar a qualidade de vida.
4. Praticar atividade física
Exercícios físicos ajudam a regular os níveis de dopamina, neurotransmissor essencial para quem tem TDAH. Além disso, melhoram a disposição e aliviam sintomas de ansiedade e depressão.
5. Ter um sistema de apoio
Conversar com pessoas que entendem suas dificuldades faz toda a diferença. Amigos, familiares e grupos de apoio são essenciais para se sentir compreendido.
O TDAH não precisa ser um peso. Com conhecimento, apoio e estratégias adequadas, é possível viver uma vida equilibrada e com qualidade. O Dr. Bruno reforça que cada pessoa é única e merece um tratamento personalizado, levando em conta suas particularidades e necessidades.